quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

                              PROJETO ALFABRINCANDO  
EM 2016





A Escola Aberta do Calabar em parceria com a Fundação Negro Amor realizamos uma oficina de três meses, em que a formação das educadoras aconteceu diretamente com as crianças. Esse projeto foi um divisor de águas na concepção da nossa prática pedagógica. Isso reafirmou a importância da escuta, da ludicidade no processo de aprendizagem das crianças.





Construção da Metodologia Alfabrincando


O que levou a Escola a pensar na construção dessa metodologia?


A escola Aberta do Calabar desde 2005 vem reavaliando seu processo metodológico. Já na reestruturação, ou retomada do Projeto Político-pedagógico, a escola destacou a necessidade de modificar sua prática. A coordenação identificou o baixo rendimento e ineficiência das ações pedagógicas. O rendimento encontrava-se entorno de 40% efetivamente. Esse déficit acumulou-se ao longo dos anos. Hoje, observa-se a dificuldade das crianças evoluírem em um pensamento escrito, consequentemente isso é reflexo da falta de estruturação do ato de pensar e de explorar o mundo. Desta maneira, a iniciativa de novas práticas, em boa parte, foi da coordenação pedagógica e uma outra, das reflexões durante os encontros internos com as professoras. O resultado desta preocupação apontou para o olhar na práxis da alfabetização. Algumas iniciativas foram realizadas deste percurso de trabalho, porém sem muito sucesso. Foi quando surgiu a oportunidade de participar de um edital que o seu objetivo principal era a valorização do Ato de Ler o Mundo de forma prazerosa. O ato de alfabetizar de forma lúdica e sistêmica era tudo que precisávamos para testar uma “nova” tecnologia. Aí nasce o ALFABRINCANDO.

O Projeto Alfabrincando representa uma intervenção metodológica com a didática mais livre, construtiva, alegre, simples, comprometida com o entendimento do objeto estudado e sobretudo com a preocupação das atividades estarem em conexão e coerentes com os objetivos propostos dentro de uma escuta. Onde a escuta da criança, dos sentimentos, das atividades, da equipe, das metas propostas e do mundo são o eixo de equilíbrio para uma boa ação alfabetizadora. Essa didática de trabalho ajudou no entendimento do estar em sala de aula. O diferencial deste projeto está na integração dos quatro educadores, (pré-escola e alfabetização) coordenação e o grupo de crianças do 1º ano do Ensino Fundamental. Isso acabou sendo uma formação em lócus.


Como se deu o processo?


1.      A coordenação pediu o consentimento para escrever o projeto no edital;

2.      Foram trocados e-mail para sugestões e modificações na elaboração do projeto;

3.      O projeto foi desenhado, ou seja, estruturado para ser inscrito no edital;

4.      Realizou-se dois encontros para estudar o projeto e começar a planejar sua formatação;

5.      Estabeleceu-se a prerrogativa de construção processual das intervenções durante a execução das atividades-oficinas;

6.      Elaborou-se as ações para a primeira semana;

7.      Decidiu-se que ao final de cada semana uma professora ficaria responsável de escrever um relatório e que toda equipe avaliaria a semana, levando em conta, a aprendizado, sensações, sentimentos, dificuldades e facilidades, coerência das atividades e execução; para esse momento era reservado de trinta a uma hora por oficina e no final da semana incluía novo planejamento para a semana seguinte;

8.      A cada dia da oficina uma professora assumia a coordenação e realização das atividades e que as outras dariam o suporte necessário.

9.      Estabeleceu-se também o acompanhamento integral da coordenação durante a realização das oficinas, esta, além de ajudar no processo, asseguraria a convergência das metas previstas

10.  Assegurou-se que a leitura, a escrita, a oralidade, a escuta e o lúdico perpassariam todas as atividades programadas.


Qual o grau de envolvimento das educadoras? E das crianças?


Quanto ao envolvimento, a equipe avaliou o quanto a oficina exigiu o comprometimento de todas. Na elaboração e no primeiro momento de planejamento a professora Maria das Dôres esteve no grupo, depois achou que não daria para honrar com o compromisso e desistiu, desta ocasião foi integrada a professora Idíma. A participação e a responsabilidade tornaram-se motor impulsionador das oficinas. A proporção foi equânime durante o processo. O comportamento de grupo solidário foi florescendo na medida do envolvimento e compartilhamento das experiências. Tudo foi bonito de se ver! As crianças como parte do mesmo tecido foram se sentindo mais seguras, apresentaram uma oralidade mais estruturada, a alfabetização foi acontecendo organicamente, durante as atividades recreativas, pedagógicas, artísticas, sinestésicas, tudo ficava mais claro, a escuta era visível na retroalimentação do diálogo grupal. O sinal farol de que o caminho percorrido levava aos objetivos planejados foi a expressão de felicidade, confiança, autoestima elevada e sinais do letramento das crianças.

  

Quais as estratégias para envolver as famílias no projeto?


1.Elaboração de dois saraus durante período das oficinas

2. Convidar às famílias para compartilhar o que as crianças vivenciaram, como também serem participantes diretos (ler estorinhas, cantar...)  durante o evento

3. Lanche coletivo durante o evento

4. Manhã de autógrafo dos livros produzidos pelas crianças durante o último sarau.

 

Que aprendizados a Escola identifica nessa experiência?


1.      “A metodologia pode ser vivenciada sem dor” (Rosangela);

2.      A escuta facilita o acesso à criança;

3.      A escola tem que reunir esforços para assegurar o aprendizado dentro das circunstâncias, no espaço da escola (não devemos parar na queixa da ausência familiar);

4.      A alfabetização deve ocorrer durante a apresentação de cada conteúdo, aí inclui todo o momento de letramento (a cada introdução de uma letra, já há possibilidade de composição e leitura da palavra);

5.      A escuta é ponto de partida para o processo pedagógico;

6.      A leitura faz parte do cotidiano da sala de aula;

7.      A forma de construir textos coletivos, respeitando uma sequência coerente;

8.      É possível aprender ludicamente;

9.      Nós precisamos construir um espaço de maior expressão para as crianças;

10.  A sensibilização para apresentar um aprendizado faz parte do processo pedagógico.


A nova metodologia está sendo aplicada após o término do projeto?


A turma do 1º ano do Ensino Fundamental, conduzida por Rosangela está dando seguimento ao desenho da prática das oficinas, quanto à pré-escola a Coordenadora Lúcia vem adicionando elementos desta prática. A observância de pesquisas para atividades lúdicas apresenta uma nova postura.




Obs. Todas as observações representam um resumo dos momentos de avaliação dos trabalhos realizados, durante e no final das oficinas pelo grupo (professores e crianças).



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