PROJETO ALFABRINCANDO
EM 2016
A Escola Aberta do Calabar em parceria com a Fundação Negro Amor realizamos uma oficina de três meses, em que a formação das educadoras aconteceu diretamente com as crianças. Esse projeto foi um divisor de águas na concepção da nossa prática pedagógica. Isso reafirmou a importância da escuta, da ludicidade no processo de aprendizagem das crianças.
Construção da Metodologia Alfabrincando
O que levou a Escola a pensar na construção dessa metodologia?
A escola Aberta do
Calabar desde 2005 vem reavaliando seu processo metodológico. Já na
reestruturação, ou retomada do Projeto Político-pedagógico, a escola destacou a
necessidade de modificar sua prática. A coordenação identificou o baixo
rendimento e ineficiência das ações pedagógicas. O rendimento encontrava-se
entorno de 40% efetivamente. Esse déficit acumulou-se ao longo dos anos. Hoje,
observa-se a dificuldade das crianças evoluírem em um pensamento escrito,
consequentemente isso é reflexo da falta de estruturação do ato de pensar e de
explorar o mundo. Desta maneira, a iniciativa de novas práticas, em boa parte,
foi da coordenação pedagógica e uma outra, das reflexões durante os encontros
internos com as professoras. O resultado desta preocupação apontou para o olhar
na práxis da alfabetização. Algumas iniciativas foram realizadas deste percurso
de trabalho, porém sem muito sucesso. Foi quando surgiu a oportunidade de
participar de um edital que o seu objetivo principal era a valorização do Ato
de Ler o Mundo de forma prazerosa. O ato de alfabetizar de forma lúdica e
sistêmica era tudo que precisávamos para testar uma “nova” tecnologia. Aí nasce
o ALFABRINCANDO.
O Projeto
Alfabrincando representa uma intervenção metodológica com a didática mais
livre, construtiva, alegre, simples, comprometida com o entendimento do objeto
estudado e sobretudo com a preocupação das atividades estarem em conexão e
coerentes com os objetivos propostos dentro de uma escuta. Onde a escuta da
criança, dos sentimentos, das atividades, da equipe, das metas propostas e do
mundo são o eixo de equilíbrio para uma boa ação alfabetizadora. Essa didática
de trabalho ajudou no entendimento do estar em sala de aula. O diferencial
deste projeto está na integração dos quatro educadores, (pré-escola e
alfabetização) coordenação e o grupo de crianças do 1º ano do Ensino
Fundamental. Isso acabou sendo uma formação em lócus.
Como se deu o processo?
1.
A coordenação pediu o consentimento para escrever o
projeto no edital;
2.
Foram trocados e-mail para sugestões e modificações
na elaboração do projeto;
3.
O projeto foi desenhado, ou seja, estruturado para
ser inscrito no edital;
4.
Realizou-se dois encontros para estudar o projeto e
começar a planejar sua formatação;
5.
Estabeleceu-se a prerrogativa de construção
processual das intervenções durante a execução das atividades-oficinas;
6.
Elaborou-se as ações para a primeira semana;
7.
Decidiu-se que ao final de cada semana uma
professora ficaria responsável de escrever um relatório e que toda equipe avaliaria
a semana, levando em conta, a aprendizado, sensações, sentimentos, dificuldades
e facilidades, coerência das atividades e execução; para esse momento era
reservado de trinta a uma hora por oficina e no final da semana incluía novo
planejamento para a semana seguinte;
8.
A cada dia da oficina uma professora assumia a
coordenação e realização das atividades e que as outras dariam o suporte
necessário.
9.
Estabeleceu-se também o acompanhamento integral da
coordenação durante a realização das oficinas, esta, além de ajudar no
processo, asseguraria a convergência das metas previstas
10. Assegurou-se
que a leitura, a escrita, a oralidade, a escuta e o lúdico perpassariam todas
as atividades programadas.
Qual o grau de envolvimento das educadoras? E das crianças?
Quanto ao
envolvimento, a equipe avaliou o quanto a oficina exigiu o comprometimento de
todas. Na elaboração e no primeiro momento de planejamento a professora Maria
das Dôres esteve no grupo, depois achou que não daria para honrar com o
compromisso e desistiu, desta ocasião foi integrada a professora Idíma. A
participação e a responsabilidade tornaram-se motor impulsionador das oficinas.
A proporção foi equânime durante o processo. O comportamento de grupo solidário
foi florescendo na medida do envolvimento e compartilhamento das experiências.
Tudo foi bonito de se ver! As crianças como parte do mesmo tecido foram se sentindo
mais seguras, apresentaram uma oralidade mais estruturada, a alfabetização foi
acontecendo organicamente, durante as atividades recreativas, pedagógicas,
artísticas, sinestésicas, tudo ficava mais claro, a escuta era visível na
retroalimentação do diálogo grupal. O sinal farol de que o caminho percorrido
levava aos objetivos planejados foi a expressão de felicidade, confiança,
autoestima elevada e sinais do letramento das crianças.
Quais as estratégias para envolver as famílias no projeto?
1.Elaboração de dois saraus durante período das
oficinas
2. Convidar às famílias para compartilhar o que as
crianças vivenciaram, como também serem participantes diretos (ler estorinhas,
cantar...) durante o evento
3. Lanche coletivo durante o evento
4. Manhã de autógrafo dos livros produzidos pelas
crianças durante o último sarau.
Que aprendizados a Escola identifica nessa experiência?
1.
“A
metodologia pode ser vivenciada sem dor” (Rosangela);
2.
A escuta
facilita o acesso à criança;
3.
A escola
tem que reunir esforços para assegurar o aprendizado dentro das circunstâncias,
no espaço da escola (não devemos parar na queixa da ausência familiar);
4.
A
alfabetização deve ocorrer durante a apresentação de cada conteúdo, aí inclui
todo o momento de letramento (a cada introdução de uma letra, já há
possibilidade de composição e leitura da palavra);
5.
A escuta
é ponto de partida para o processo pedagógico;
6.
A leitura
faz parte do cotidiano da sala de aula;
7.
A forma
de construir textos coletivos, respeitando uma sequência coerente;
8.
É possível
aprender ludicamente;
9.
Nós
precisamos construir um espaço de maior expressão para as crianças;
10. A sensibilização para apresentar
um aprendizado faz parte do processo pedagógico.
A nova metodologia está sendo aplicada após o término do projeto?
A turma
do 1º ano do Ensino Fundamental, conduzida por Rosangela está dando seguimento
ao desenho da prática das oficinas, quanto à pré-escola a Coordenadora Lúcia
vem adicionando elementos desta prática. A observância de pesquisas para
atividades lúdicas apresenta uma nova postura.
Obs.
Todas as observações representam um resumo dos momentos de avaliação dos
trabalhos realizados, durante e no final das oficinas pelo grupo (professores e
crianças).
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